O 9º ano e a aula de música: piadas sem graça do ensino brasileiro

De tempos em tempos uma boa iniciativa surge e você tem um pouco de esperança no Brasil.

As duas últimas notícias sobre a educação brasileira que me deixaram feliz e fizeram com que eu acreditasse numa sociedade melhor foram a obrigatoriedade de aula de música e a inclusão de mais uma série no ensino fundamental, o 9º ano.

Mas eis que vem aquela velha calhordice brasileira de fazer tudo nas coxas e do jeito mais fácil e estraga uma boa oportunidade. Como eu trabalho com livros infantis, tive acesso às informações e vi que:

1. Como não há muitos professores especializados em música, as escolas particulares resolveram simplificar tudo e transformar a linda aula de música em uma aula de hinos.

2. O 9º ano é uma lenda. Na verdade, a única coisa que mudou foram os nomes: o antigo pré passou a se chamar 1º ano e, consequentemente, a 8º série virou 9º ano.

Assim, tudo continua do mesmo jeito, a sociedade não muda e os brasileiros continuam reclamando que o governo é que não presta e por isso o Brasil não vai pra frente.

maio 11, 2009 at 12:23 pm Deixe um comentário

A era das idéias

Está fácil fazer sucesso hoje em dia, desde que a pessoa tenha boas idéias. Basta inventar o conceito de uma nova tecnologia de informação ou criar algo que poupe a natureza – como a borda de piscina que não deixa a água ser desperdiçada – que você está feito. Para os artistas, é só  fazer algo inteligente e postar no youtube, abrir um blog, algo assim, que as portas se abrem. Vivemos em uma época em que não é mais necessário ser filho de gente influente para ser reconhecido. Basta seguir seu talento natural que as coisas fluem. Como exemplo, vou tomar o Viciado Carioca. O cara, pelo que percebi, era só um viciado em cocaína que gostava de escrever para espairecer. Não sei se tentou carreira literária ou em comunicação, mas sei que se não fosse a internet, ele provavelmente não passaria de um viciado (ou ex-viciado, sei lá) que escreve de vez em quando mas ninguém lê, e que trabalha em um escritório ou algo do tipo. Mas hoje ele é um blogueiro famoso, e por mais que o sucesso, dinheiro e mulher não tenham chegado, um filme de um de seus posts está sendo produzido e ele influi no pensamento de centenas de pessoas. Quem sabe, mais pra frente, não vem algo ainda maior?

A Era da Informação abriu caminho à outra mais interessante, a das boas idéias. E digo boas, porque não basta copiar algo, ou fazer alguma coisa meia boca. Apenas as que são realmente geniais têm sucesso.

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Post velho, de 2006, que mofou aqui nos rascunhos e eu resolvi publicar. Os exemplos até estão datados.

maio 5, 2009 at 8:03 am Deixe um comentário

Aonde estão os pensadores?

Durante as décadas de 60, 70, 80 e até mesmo 90, não faltavam pensadores dizendo que outra realidade era possível, criticando o capitalismo, dizendo que o sistema não se sustentava, que era perverso, o causador das chagas do mundo.

É fácil criticar um poder que parece eterno.

Mas, agora que o “grande vilão” está ruindo, aonde estão estas vozes? Por que até agora não li Eduardo Galeano dizendo que um novo mundo pode ser construído? Aonde está nosso Marx, nosso Che?

Esta é a hora de propor novas possibilidades, de realmente mudar o mundo para algo novo. É a hora de os idealistas se manifestarem. O que será que todas as pessoas que se reúnem todos os anos para protestar contra o G-8 têm em mente? Se os protestos realmente funcionassem, elas não saberiam o que dizer?

Será que os escritores não passam de meros sonhadores? Será que os protestos eram apenas uma anestesia para continuar vivendo no mundo se sempre?

Diante de um mundo em crise, tudo o que se vê é o silêncio daqueles que antes gritavam.

abril 6, 2009 at 9:13 am 1 comentário

Mais um

Abri um outro blog, só de crônicas.

Quem quiser conferir, vai lá.

Em breve vou postar uma entrevista que fiz com Bob Fernandes, editor da Terra Magazine.

Até lá!

novembro 4, 2008 at 6:58 am 1 comentário

Kassab x Marta: mais uma vez o partidarismo disfarçado

Domingo tivemos o debate da Record entre os dois candidatos à prefeitura de São Paulo: o atual prefeito Kassab e a ex-prefeita Marta.

Durante o debate, Marta fazia perguntas à Kassab e ele, ao invés de responder, começava todas as respostas com um textinho de abertura e aproveitava para fazer propaganda e criticar a ex-prefeita. Tanto é que na tréplica, Marta precisava repetir a pergunta que não havia sido respondida.

Para mim ficou claro quem foi o vencedor do debate: Marta. Não porque sou contra o Kassab nem nada disso, mas acontece que as respostas dela foram melhores e ela não fugia às questões de Kassab, como ele fez todas as vezes.

Porém, hoje no Estadão há uma enquete em que os leitores definem quem foi o vencedor. Kassab ganha com mais de 10 mil votos de diferença.

É de se espantar? Não. Apesar de ótimas idéias que o jornal tem implantado, como o Vereador Digital e as sabatinas on-line, suas matérias deixam claro quem é o preferido dos editores. Basta ler essa aqui. Observe que eles não ouviram o lado da Marta, apenas o de Kassab e ainda por cima priorizaram todas as respostas do prefeito.

“Votei no Pitta, depois me afastei”, diz Kassab

Candidato aproveitou para revidar as críticas da petista, acusando-a de estar ao lado da ‘turma do mensalão’

Uma das aspas do candidato na matéria: “Eu apenas consultei se ela tinha se afastado da turma do mensalão. Ela não respondeu. É evidente que não (se afastou).”

Porque não há aspas assim da Marta? O jornalismo não deveria ser imparcial? O interesse não é informar o leitor?

E o pior de tudo é que não dá para criticar esta matéria através dos comentários.

outubro 20, 2008 at 1:11 pm 2 comentários

A blogagem coletiva contra o jornalismo partidário

Descontentes com o jornalismo atual, que é fortemente partidário, vários blogueiros abriram sites sobre política. Alguns jornalistas, como o Azenha e o Paulo Henrique Amorim, enriqueceram esta batalha, montando sites denuncistas, que contavam, a partir da experiência destes grandes jornalistas, como a mídia manipulava as matérias.

O Conversa Afiada, de PHA, que era hospedado no IG, incomodou e foi tirado do ar sem maiores explicações. Agora, o jornalista criou um endereço próprio, onde escreve o que deseja.

Já Azenha, foi mais longe. Além do portal Viomundo, criou o coletivo Sivuca, que reúne sites sobre política. Basta escrever um e-mail para o jornalista manifestando sua vontade de integrar o portal, que ele é incluso.

O Sivuca gerou outro filho: o MSM, Movimento dos Sem Mídia, criado por Eduardo Guimarães, que evoluiu para uma ONG, formada por cidadãos, que visa supervisionar os abusos midiáticos. Eles organizaram manifestos em frente à Abril, à Globo e à Folha, clamando por uma mídia que representasse suas opiniões e por um jornalismo imparcial e não-manipulador.

Conversei com Eduardo sobre o MSM e sobre o que ele espera antigir com o movimento.

Quando surgiu a idéia de criar o MSM?

Surgiu quando a mídia começou a pressionar o Senado e a Folha publicou a conversa do ministro do STF Ricardo Lewandovsky dizendo que votou [no caso do mensalão] com a faca no pescoço. Achei que aí a mídia tinha ido longe demais. Convoquei meus leitores para tomarem uma atitude e eles aderiram.

Você não tem medo que o MSM não vingue?

Eu tenho medo é de não tomar atitudes. Pior do que ser derrotado é ter medo de lutar.

Que futuro você prevê para o movimento?

Um futuro de luta, de dificuldades, mas um futuro necessário.

Com blogs como o Vi o Mundo, a rede Sivuca e o Conversa Afiada, você acredita que o MSM é realmente necessário? Não acha que as coisas estão tomando um rumo que vai levar à mudança da mídia com ou sem o movimento?

Quem acha que lutar por meio de sites e emails funciona, pirou. A mídia dá risada disso. Luta é na rua. Blogs, emails e sites só servem para mobilizar, não para lutar. E o problema deste país é justamente as pessoas acharem que não é preciso fazer nada porque tudo se resolve sozinho.

Um movimento como o MSM é revolucionário. Ao longo da história, atitudes como essa foram tomadas pelos jovens, em especial os universitários. Acredito que você seja da geração de 60, que era revolucionária. O que pensa da juventude de hoje? Acredita que ela é reacionária? A mídia é responsável por essa nova mentalidade jovem?

A juventude de hoje não tem ideais, é exclusivista. A culpa é da mídia e da minha geração, que quis superproteger os filhos e criou uma geração de acomodados e egoístas, salvo as honrosas (e poucas) exceções.

maio 29, 2008 at 12:16 pm 1 comentário

O bloglog e o jornalismo de celebridades

Este é um texto meu que foi postado primeiramente no blog Jornalismo na Rede. Ele discorre sobre como o bloglog, que é um blog exclusivo de celebridades e personalidades brasileiras, pode afetar o jornalismo de celebridades, também conhecido como colunismo social.

Acredito que essa ferramenta pode causar um impacto muito grande nas revistas de fofocas. Afinal, um fã agora pode ler sempre o blog do artista, não precisa mais saber das fofocas através das revistas… Enfim, vamos ao texto:

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O bloglog e o jornalismo de celebridades

Uma nova ferramenta surgiu para o “jornalismo 3.0“: o bloglog.

Apesar de não ser uma ferramenta revolucionária, que pode mudar todas as áreas do jornalismo, ela causa uma mudança significativa em um nicho: o jornalismo de variedades.

O bloglog nada mais é que um blog criado pela globo.com para ser usado por celebridades — tanto as globais quanto as demais. Por que as celebridades já não blogavam antes? Bom, isso não cabe a nós responder, mas o fato é que agora elas passaram de passivo para ativo nesse tipo de jornalismo, o de colunismo social. Explicando melhor, antes, uma atriz como Paola Oliveira era acusada de ser motivo de separação de um casal de famosos por Leão Lobo e precisava aparecer no Faustão para se defender, ou então precisava conversar com algum jornalista de confiança para ter sua versão da história publicada. Agora, basta ela postar em seu bloglog sua versão da história, que os jornalistas já vêem e reproduzem em seus respectivos veículos. Isto não é apenas uma hipótese, aconteceu de verdade. Para conferir, clique aqui.

Com o bloglog, o jornalismo de celebridades ganhou uma nova dinâmica. Agora, as celebridades também produzem material jornalístico e divulgam sua vida, espontaneamente. Elas podem se manifestar diante de um assunto público da maneira que preferirem, e os jornalistas podem checar a informação direto da fonte. Mais do que isso, elas agora podem difamar os jornalistas tanto quanto os jornalistas as difamam.

Paola Oliveira “fura” os jornalistas ao mostrar antes em seu blog o vestido que seria destaque nas revistas no dia seguinte

Mas nem tudo é perfeito. Da mesma maneira que esta é uma ferramenta útil para os famosos, ela pode ser também prejudicial.

A imprensa sempre foi boa em construir uma imagem dourada em volta das celebridades, e com o bloglog, elas podem destruir esta imagem sem nem se dar conta disso. Elas mostram que não só não são tão finas e cultas quanto pensávamos, como também provam que postam montagens toscas, escrevem tudo errado e gostam de expor a vida, como qualquer pessoa.

O exemplo de Paola pode ser usado novamente para explicar este tópico. Através de seu blog, ela mostra que escreve mal e que, provavelmente, não é tão culta quanto parece ser. Um outro exemplo muito bom é o de Dado Dolabella. Tudo bem que ele nunca foi exemplo de inteligência, mas no bloglog dele, vê-se que ele é quase analfabeto.

Esta ferramenta, por mais que seja apenas um blog, traz outra dimensão ao universo estrelado dos famosos. Ela não só aproxima o fã do ídolo, como mostra que eles são iguais (quando não piores) a qualquer um.

maio 15, 2008 at 9:48 am 4 comentários

Final político em Duas Caras

Personagem Evilásio servirá para criticar LulaA novela de Aguinaldo Silva já é marcada desde o começo por polêmicas e pela presença da política, que fica evidente agora na disputa de Evilásio, personagem de Lázaro Ramos e Juvenal, o líder comunitário e bandido interpretado por Antônio Fagundes.

Como toda novela das oito da Globo, ela toca em temas polêmicos, que nem são assim tão polêmicos. Logo no começo, houve o namoro entre o personagem Evilásio, pobre e preto, e Júlia, a riquinha branca interpretada por Débora Fallabela. Até aí, nada de novo. Não sei porque esses autores ainda acham sensacional explorar esses assuntos como o homossexualismo e o racismo. Parece que eles fazem mais o favor de manter o preconceito do que de combatê-lo, como eu acho que eles desejam.

Ok. Agora, para o gran-finale, Aguinaldo resolveu mostrar seu lado político pessoal. Em entrevista à Folha, revelou que Lázaro será eleito vereador, e deu uma clara alfinetada em Lula, sem mencionar nomes: “Esse é o destino de todo político bem intencionado, não é? Cair no populismo,virar demagogo, renegar as próprias idéias, e se aliar ao que existe de pior na política na ânsia de garantir a própria sobrevivência. Estou lembrando alguém com minhas palavras?… Evilásio vai ser eleito vereador – não vou dizer como é que ele vai conseguir isso, já que o Juvenal é favorito – e terá que rebolar muito pra não se tornar um político igual aos outros.”

Até aí, ok. Alfinetar o presidente é coisa comum… mas o que foi realmente surpreendente foi o que ele disse em seguida, sobre o final de Gioconda, fazendo uma grande promoção ao fracassado movimento político “Cansei”, que chegou a virar piada. Ela será consagrada no final da novela ao liderar um movimento chamado “Chega!”, que dará voz à classe média. Isso foi péssimo. Além disso, criticou Dilma, lógico.

“Gioconda vai fundar um movimento social intitulado “Chega!”, destinado a canalizar a revolta da classe média contra “tudo que está errado neste país”. E vai se tornar uma líder, com grande responsabilidade política. Talvez seja até lançada como candidata à Presidência por um pequeno partido, concorrendo assim com a ministra Dilma! Agora me diz: em qual das duas você votaria, na Dilma ou na Marília Pêra?… Eu, por exemplo, não tenho dúvidas, é Marília na cabeça.”

Criticar é sempre bom, mas fazer propaganda barata do movimento de amigos e apoiar algo dessa maneira num instrumento de manipulação de massa tão poderoso quanto uma novela da Globo, é sacanagem.

abril 16, 2008 at 9:34 am 3 comentários

Kalichszteim

Eu sei que o tema é batido. O carnaval já passou, o carro já saiu da avenida e eu nem sei como foi o desfecho do caso, mas fato é que era óbvio que os judeus conseguiriam vetar o carro do Holocausto. Vocês viram o nome da juíza que decidiu o caso?

Juliana Kalichszteim

Bom, de uma forma ou de outra, essa polêmica era ridícula. O carnaval mostra o massacre dos índios desde que foi inventado e o dos judeus não pode, não.

fevereiro 7, 2008 at 1:11 pm Deixe um comentário

Pequenos vícios

Todos sustentamos pequenos vícios para viver mais facilmente. O futebol de quarta-feira é um vício, encontrar o namorado é um vício, a novelinha de todos os dias é um vício. Fumar é um vício. Beber é um vício. Cheirar cocaína é um vício. Matar, também pode ser.

Alexander Pichushkin, o “maníaco do parque” russo, também conhecido como “assassino do tabuleiro de xadrez”, era um funcionário de supermercado regular. Como todos nós, também precisava de pequenos prazeres para tornar sua vida mais fácil, como beber uma vodca, por exemplo.

Em um belo dia, durante uma conversa com seu amigo, surgiu um assunto peculiar, talvez entre um cigarro e outro, uma vodca e outra: matar. Como seria matar alguém? Qual seria a sensação? Vamos ver como é? O amigo negou. Não havia saída. Para matar a curiosidade, Alexander matou o amigo. Foi uma sensação única, “como o primeiro amor, inesquecível” disse o russo. Desde então, foram mais de 50 mortes, todas intensamente prazerosas.

Pichushkin provou, assim, que os vícios realmente têm o poder de destruir vidas.

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Para ler mais sobre o assassino do xadrez, clique aqui.

Seguinte: saiu uma resenha minha sobre o festival Planeta Terra no site Rock de Índio. Vai lá dar uma conferida no material 😉

novembro 14, 2007 at 6:44 am 7 comentários

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